segunda-feira, 28 de julho de 2008

Comentando a matéria da revista Fórum - Edição 60 Março 2008

A culpa é do PSDB...

Explico! São quatorze anos governando o mesmo estado, isso dá uma condição de privilégio que muitos governos não tem ou tiveram. Dispor de tempo e continuidade para se desenvolver um trabalho e até quem sabe mudar paradigmas. Afinal, as justificativas que ouvimos é que muitas vezes não dá para fazer o que se precisa em quatro anos. Paulo Freire, em uma única gestão, fez o que até hoje não se conseguiu destruir totalmente, apesar de inúmeras tentativas, que foi a criação de uma estrutura democratica de educação.

O problema não é técnico como querem fazer parecer, É POLÍTICO, por isso não dá para dissimular, temos que responsabilizar essas pessoas (o governo). Quando um aluno chega no ensino médio com defasagem na educação, que dificilmente poderá recuperar depois, alguém contribuiu para que isso acontecesse. Isso é crime! Estão negando direitos constitucionais, estão negando direitos humanos. Quatorze anos é tempo suficiente para se definir rumos, corrigir erros e afirmar os acertos. Como o problema é político, nega se o fato buscando os bodes que já conhecemos, ou seja, o professor.

Covas, Alckimin, Alckimin e agora José Serra. O que esses senhores estão fazendo? O problema da educação pública é gravíssima e só uma intervenção nessa gestão pode barrar o desmonte e a barbárie nessa suceção de desgovernos. A classe média no Brasil fez suas escolhas, houve uma opção pela educação privada, nesse caso, tanto fez ou tanto faz se a educação pública está agonizando. Estamos falando do egoímo de classe. _ “Filho de trabalhador tem que aprender no máximo as quatro operações e saber ler e escrever, o resto é luxo!” Criam pirotecnias para inchar o currículo de baboseiras e esvaziá-lo de conteúdo, vide os projetos de Informática, Cultura, etc, para as escolas que não saem do papel e criam problemas nas escolas.

O preço que já estamos pagando por essa omissão é grande, o que virá pela frente é muito pior. Sabemos que mais dias, menos dias, as vitmas desse descalabro irão cobrar a fatura.

Parabéns revista Fórum! É a primeira publicação que leio que teve a coragem de tratar dessa questão com seriedade, tem muito mais a ser revelado, só a questão da saúde dos professores já é caso para se pedir o impedimento do governador e da secretária da pasta da educação. Já chegamos aos milhares, o número de professores com traumas, com problemas psicológicos e físicos. Quando nos aprofundamos nesse assunto, parece que estamos falando de vitimas de guerra. Os trabalhadores precisam perceber que de fato é uma guerra e o inimigo se apossou do estado.

Pela responsabilização dos culpados! Impeachment neles!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Eu sou neguinho

Publicada em 12/06/2008 às 17h56m

Por Joel Zito Araujo


"O meu amigo Caetano, que no debate público é um provocador tão genial quanto na arte, também é, sem dúvidas, um atento observador da realidade racial brasileira desde jovem, quando Dona Canô gritava 'meu filho corra, venha ver na TV aquele preto de que você tanto gosta!'. Ou quando se irritou ao ver jovens de esquerda chamando Clementina de Jesus de macaca no Teatro Paramount, em 1968. Ou quando não deixou o país esquecer que o Haiti é também aqui. Mas agora, depois de tão bela história, depois de ter produzido poemas tão poderosos e belos sobre a negritude baiana, ele parece acreditar que o país acompanhou a sua cabeça e seu desejo de viver em uma democracia pós-racial.

Não é possível ignorar as cotas como um movimento natural e necessário, apesar das imperfeições no processo.

O Brasil pós-racial é uma meta que compartilho, mas ainda é uma ficção. O dramaturgo Harold Pinter já disse que, na exploração da realidade por meio da arte, 'não há distinções explícitas entre o que é real e o que é irreal, tampouco entre o que é verdadeiro e o que é falso.'. Mas que diferenciar essas condições é fundamental para o exercício da cidadania. É necessário dizer para o querido Caetano que não é coerente ter feito uma obra tão magnífica e assinar um manifesto contra cotas para jovens negros pobres na universidade.

E assim, mesmo agradecido pelo que ele fez, tenho que, atendendo a sua provocação ( ver coluna de Jorge Moreno de 07/06/08), vir aqui dizer que a 'realidade lá fora' continua brutal para aqueles que são 'negros ou quase-negros de tão pobres'. Eles continuam com suas chances de ascensão social condicionadas à cor de suas peles em estruturas seculares que reproduzem o racismo nos bancos escolares, na nossa TV, no sistema de saúde, no mercado de trabalho, na violência policial...

Não é possível ignorar as cotas como um movimento natural e necessário, apesar das imperfeições no processo. Diante da revolta contra sua condição de grupos populacionais excluídos, negros e indíos lutam por uma reparação histórica, lutam por seus direitos. Hoje, por trás da emergência identitária destes grupos está a busca pelo reconhecimento dos direitos de partilha das riquezas materiais do país (partilha do direito à educação, à terra, à liberdade religiosa). Vivemos, finalmente, numa sociedade em que os 'excluídos' lutam autonomamente no campo da democracia pelos seus direitos. São lutas de idéias, de conquista da opinião pública e de leis. E isso é muito bom, e deve ser respeitado e incentivado. E, veja bem, eles não estão esperando o socialismo, ou a vitória do universalismo francês, ou o triunfo do mercado, para ter acesso à educação. Eles querem acelerar processos, cobrar dívidas históricas. Evitar tensões raciais é promover o reconhecimento dos seus direitos , e incentivar a sua luta política nas formas democráticas e republicanas. E tenho certeza de que o nosso querido Caetano sabe que Mangabeira Unger tá certo. Nós precisamos de uma segunda abolição. Mas como realizá-la sem nos defrontarmos com a questão racial?

Nossas crianças perdem a auto-estima ao aprender a sonhar em ser, mesmo que cirurgicamente, iguais à rainha dos baixinhos.

E por que acreditar que revalorizar neste momento a criação colonial do mulato é um passo para a sociedade pós-racial? Onde é que o mulato é celebrado como ideal da nação? Nas artes, na telenovela, no cinema, na publicidade? O ideal do país desde os tempos da escravidão foi, e continua profundamente internalizado em todos nós, fazer do negro um mestiço e do mestiço um branco. Nossas crianças perdem a auto-estima ao aprender a sonhar em ser, mesmo que cirurgicamente, iguais à rainha dos baixinhos. Por que todas as apresentadoras dos programas infantis foram inspirados no modelo ariano? Que ideal de raça estava por trás disso? Por que os considerados mais belos das revistas de moda, de TV e até mesmo de esportes são invariavelmente os mais germânicos? Por que somente em 2004 tivemos a Taís Araújo como protagonista de uma telenovela na rede líder de audiência? E quando voltaremos a revê-la assim? Ser mestiço, portanto, é ainda um momento de passagem da condição inferior para a raça superior. O mulato na telenovela ainda é, como regra, representação do estereótipo do bundão, do mau caráter, do bandido ou do ressentido.

É por isso que não sou mulato. Só aceito o mulato como profissão. E é assim que vivem centenas de brasileiras afro-descendentes pobres que viajam pelo mundo vendendo a beleza dos seus corpos e dos seus movimentos em shows tipo Sargentelli.

Neste momento sou orgulhosamente o meu avô e bisavô, eu sou neguinho. E amanhã posso vir a ser a minha avó, nambiquara ou pataxó.


Sou brasileiro, com ascendência afro-índígena-portuguesa. Mas neste momento histórico só me interessa afirmar o que fui pressionado a negar. O país ainda precisa de um choque de negritude e de indigeneidade. Para chegar a ser pós-racial precisa antes ser multirracial. Precisamos reconhecer que nossa nação é um mosaico, onde vivem filhos de africanos, de japoneses, de libaneses e de europeus, além dos indígenas. Somente assim podermos, no futuro, realizar o mito que tanto prezamos, e vir a ser um exemplo de democracia racial. Neste momento sou orgulhosamente o meu avô e bisavô, eu sou neguinho. E amanhã posso vir a ser a minha avó, nambiquara ou pataxó.


Diante da herança colonial que criou um sistema hierárquico de castas raciais, eu sou neguinho. Diante dos articulistas dos jornais que dizem que não somos racistas, mas alertam que se me assumo como negro sou ameaça de guerra civil, eu sou neguinho. Diante do senador que elogia o seu par mulato por estar apurando a raça ao se casar com uma 'linda gaúcha dos olhos azuis', eu sou neguinho. Ou diante da mídia que em suas imagens insiste em reafirmar a branquitude como ideal da nação, eu sou aquele Caetano que tanto admiro, e não aquele inexplicável mulato anticotas. Sou negro preto do Curuzu. Sou beleza pura."


Joel Zito Araujo é cineasta, autor de 'Filhas do Vento' e 'A Negação do Brasil

terça-feira, 22 de julho de 2008

Manicômio Judiciário

EDITORIAL

Brasil de Fato

Edição 281

15.07.2008


Engana-se quem possa imaginar que a expressão desrespeitosa que usamos no título deste editorial, tenha sido forjado por nosso jornal. Pelo contrário, zelamos pela nossa Constituição, apesar de todas as suas limitações. A expressão – referindo-se ao sistema judiciário brasileiro – foi forjada pelo meretíssimo senhor juiz doutor Gilmar Mendes, em 2001, quando advogado-geral da União. Caso coubesse ao nosso Judiciário (em que pesem seus grandes vícios e mazelas) tal grosseira classificação, certamente o doutor Gilmar Mendes seria conhecido como o comandante mor dos loucos (portadores de deficiência e/ou distúrbio mental) desta República, pois hoje ocupa o mais alto cargo dessa instituição, a Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF).

E foi nessa condição que, na semana passada, em menos de 48 horas, doutor Gilmar Mendes concedeu dois habeas corpus sucessivos ao senhor Daniel Dantas (dono do Opportunity, da revista “Isto é” e de outros escusos negócios). O senhor Dantas (e outros, entre os quais os senhores Nagi Nahas e Celso Pitta) é acusado de todo tipo de falcatruas e bandidagem, de acordo com relatório da Polícia Federal (PF), resultante de investigações durante cerca de quatro anos, comandadas pelo delegado Protógenes Queiroz – hoje afastado do caso. (Ler página ao lado)

Qualquer cidadão ou cidadã medianamente informado sabe, desde sempre, que a ascensão do doutor Gilmar Mendes a tão alto posto, deve-se ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB), que o fez juiz da Suprema Corte. A missão que lhe foi conferida, de acordo com artigo do professor e jurista Dalmo de Abreu Dallari, em artigo que publicou quando da indicação do doutor Gilmar Mendes para o STF, e que o tempo só confirmou, foi a de tornar aquele tribunal completamente submisso ao presidente tucano, mesmo depois do término do seu mandato.


Divergências não

tão formais assim

Certamente, é em conseqüência do meticuloso cumprimento da missão que lhe foi conferida pelo presidente tucano ao longo dos anos – além dos múltiplos interesses em jogo – que sua decisão de conceder os dois habeas corpus ao senhor Dantas, rapidamente inflamou diversas instâncias do Judiciário, transformando o que poderia ser (e de fato o é) uma polêmica jurídica, numa pequena guerra de posições no interior do próprio sistema jurídico, com abaixo assinados, manifestos, manifestações, declarações apaixonadas e mesmo pedido de impeachment do doutor Gilmar Mendes.

A crise deflagrada expõe as vísceras do Judiciário, poder que funciona como uma “caixa preta”.

O problema central situa-se na seguinte questão: um cidadão pode ser preso apenas a partir de indícios, ou seja, sem provas? A nossa Constituição diz que NÃO – e esta é uma importante conquista, da qual jamais devemos abrir mão. Não importa se, neste momento, ela favorece a X ou a Y – isonomia é isto.

No entanto, a polêmica situa-se em saber se o material contido no relatório da PF configura-se realmente em provas, ou apenas em indícios. Sobretudo no que diz respeito ao fato da tentativa de suborno (de 1 milhão de dólares) oferecido pelo senhor Hugo Chicaroni a um delegado, em nome do senhor Dantas.

De todo modo, argumentam alguns que, contra a fundamentação do Ministro, a preventiva poderia ser sustentada com base na garantia da aplicação da lei penal, já que o senhor Dantas tem todos os meios de fugir do país – e aqui, se faz relembrar o caso do senhor Salvatore Cacciolla que se beneficiou do habeas corpus que lhe foi concedido pelo ministro Marco Aurélio Mello (este, nomeado por seu primo, o presidente Fernando Collor de Mello, com missão equivalente à do seu colega doutor Gilmar Mendes).

Na conversa (gravada) do senhor Chiconi com o delegado que tentava subornar, o corruptor é muito claro em sua fala: “Ele [o senhor Dantas] se preocupa com hoje. Lá pra cima [instâncias superiores do Judiciário], o que vai acontecer, lá ele não tá nem aí. Por que ele resolve. STJ, STF... ele resolve”.

Além de tudo, não deixa de ganhar contornos de escândalo, o fato de existirem 200 mil pedidos de habeas corpus (metade da população carcerária do país) esperando julgamento, e que, em 48 horas, o senhor Dantas tenha conseguido dois.

Outras questões

da democracia

Outra preocupação que cerca as polêmicas diz respeito ao excesso de visibilidade e prestígio que possa ganhar essa nova geração de policiais federais (por alguns já apelidados de “yuppies da PF”), que os transforme, perante a população, em pequenos ou super-heróis, únicos paladinos da luta contra a corrupção, o que lhes daria legitimidade e um poder de fato, capaz de ameaçar a ordem democrática.

Essa preocupação no entanto, não se resolverá desqualificando trabalhos que sejam realizados de modo pertinente e sério. O caminho, apesar de óbvio, parece não ter sido percebido por nossas elites: enquanto escrevemos este editorial, e também quando vocês estiverem lendo, as cúpulas partidárias, empresários, a grande mídia comercial, membros dos diversos poderes da República, etc. Estarão dando curso a negociações tão escabrosas quanto aquelas de que são acusados o senhor Dantas e sua quadrilha (filhos exatamente de conchavos desse tipo).

A nossa posição é inequívoca: doa a quem doer, somos favoráveis a que as investigações sejam levadas até as últimas conseqüências, e que todos os criminosos sejam enquadrados e punidos nos termos da lei.


quinta-feira, 17 de julho de 2008

Sociologia fora da rede...

Professor comentando o desgoverno do PSDB na educação pública no estado de São Paulo.

"Este descaso exemplifica-se com o tratamento dado por esta SEE Paulista para com a disciplina sociologia, retirada da grade curricular em 2008, à revelia da Resolução 04/2006 do MEC, CNE.Mostra o descaso com o que é público, com a qualidade da educação e com os profissionais que trabalham por uma educação melhor neste estado."

Rogério Zanca
Sociólogo


Assine o abaixo-assinado...

S.O.S. Educação!

Criamos um Abaixo-assinado para ser mais um instrumento de luta pela educação, veja!

Para: Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, MEC, UNESCO

Nós, professores, pais, alunos, coordenadores, diretores, vimos através desse abaixo assinado solicitar das autoridades competentes atenção para a situação dramática de abandono em que encontram as escolas públicas do estado de São Paulo. Consideramos de extrema importância que seja feita uma intervenção na Secretaria de Educação do Estado, já que os sucessivos governos não tem demonstrado competência e habilidade para solucionar os diversos problemas que só se agravam: a falta de condições de trabalho (estrutura material e saúde física e psicológica dos professores), as salas super lotadas, a violência generalizada, a falta de segurança, os salários defasados, a culpabilização do professor, entre outros problemas que comprometem o ensino e o aprendizado dos alunos.

Sinceramente,

Clique no link e assine, se tiver alguma dúvida use o google tradutor, o programa do Abaixo-assinado está em inglês. Passe pelo menos para dez pessoas, você pode também copiar o link e mandar por correio eletrônico para a sua rede.

http://www.petitiononline.com/educ2008/

Vamos mostrar a nossa força de mobilização...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Dez (10) ações para sabotar os inimigos da Educação Pública. Em especial para as professoras e professores do ensino público no estado de São Paulo.

1.Escreva para dez (10) ou mais pessoas, contando a realidade do ensino público no estado de São Paulo. Incluir fotos, depoimentos, documentos, etc.

2.Cancelar imediatamente sua assinatura dos veículos de comunicação que estão apoiando as ações do governo e nos tratam como “vagabundos, preguiçosos, descompromissados e incompetentes”. Relaciono alguns veículos que fizeram uma péssima cobertura da greve e ainda por cima blindam o governo não deixando chegar a opinião pública seus desmandos e desgovernos, são eles: Folha de São Paulo, Estadão, O Globo, Folha da Tarde, Agora, Revistas Veja, IstoÉ, Época, etc.

3.Escreva ou ligue para os veículos de comunicação alternativos (Caros Amigos, Carta Capital, Brasil de Fato, Teoria e Debate, Princípios, Revista Educação, Rádios Comunitárias, etc.) para pedir que façam uma cobertura isenta, indo as escolas e ouvindo os professores, pais e alunos. Peçam para tirar fotos do interior das escolas para revelar o real estado das coisas, o estado de abandono.

4.Escreva ou ligue para os Deputados Estaduais, peçam para os pais e alunos fazerem o mesmo, para pressionar que tomem uma atitude com relação ao ensino público no estado. Precisamos de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o estado de calamidade pública que é a educação no estado. Afinal eles aprovam as leis...

5.Vamos fazer uma campanha contra os candidatos e políticos que são responsáveis pelo atual quadro da educação, esses que aplicaram essa “DesEducação para Ignorância” que é a política que estamos vivendo a quatorze (14) anos.

6.Montar nas escolas e na comunidade “Barricadas pela Educação” para fazer o enfrentamento de forma inteligente e criativa contra esse governo. Todo tipo de idéia será bem vinda. Cartas, passeatas, cartazes, bonecos, brinquedos, jogos, mesas redondas, palestras, camisetas, adesivos. Usar a Internet para criar Blogs, Comunidades, etc. Entupir as caixas de correios dos governos, da assembléia, dos jornais, do sindicato, etc.

7.Fazer a nossa lista de inimigos da educação, vejam a minha: Mario Covas, Alckmin, José Serra, Rose Neubauer, Gabriel Chalita, Maria Helena Guimarães de Castro, Gilberto Dimenstein, Marcos Zerbini (Dep. Estadual), Bruno Covas (Dep. Estadual), Paulo Alexandre Barbosa (Dep. Estadual), Antonio Carlos (Dep. Estadual), Maria Lúcia Amary (Dep. Estadual), Celino Cardoso (Dep. Estadual). Crie sua lista!

8.Divulgar ao máximo as pesquisas sobre a saúde do professorado e o processo de privatização do Servidor Público Estadual entre outras que temos acesso.

9.Colocar as nossas diferenças políticas e ideológicas ao lado para fazer essas ações coletivas tendo como objetivo principal a recuperação da educação pública.

10.Caso você tenha alguma idéia de ação concreta e prática, acrescente e envie para o maior número de professores, pais e alunos. Só ações inteligentes e criativas podem fazer frente aos atentados que estamos sofrendo do governo do estado que se utiliza da mídia e do judiciário para amordaçar a nossa classe.

Ah! Não vamos nos esquecer que somos 230 mil profissionais, se nos mobilizarmos para essas ações, a derrota desses caras será babada, afinal somos formadores de opinião. Vamos fazer algo prático, algo que gere desdobramento, chega de abusos! Vamos mostrar nossa indignação nas eleições municipais, não votando em candidatos que apoiam esse governo ditador e inimigo da educação. Vamos aproveitar esse momento político para dizer o que pensamos.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Um Jornal deseducado!

Índice: Folha de São Paulo, 06 de julho - Ombudsman: Aos Mestres, sem carinho

Coluna do Ombudsman

Houve época em que a educação era um tema prioritário para o jornal -agora, não é mais; a greve lhe dá uma chance para que seja de novo

A FOLHA tem tratado os professores do ensino público que ficaram em greve em São Paulo por três semanas sem nenhuma boa vontade. Posicionou-se em editorial contra a paralisação, publicou colunas agressivas contra eles e, no noticiário, tratou do assunto mais como empecilho adicional e desnecessário ao caótico trânsito da cidade do que como problema sério de políticas públicas.

Até aí, tudo relativamente bem. O jornal e seus colunistas têm pleno direito de manifestar as opiniões que julgam as mais acertadas. As páginas informativas, que nunca podem ser contaminadas pelas de opinião, não chegaram a se engajar em campanha contra os grevistas. De resto, a categoria dos professores do ensino público e seus representantes sindicais estão longe de não merecerem críticas.

A questão importante é outra. A greve é excelente oportunidade para a imprensa fazer levantamento detalhado das condições da educação, que a Folha desperdiça.

Dezenas de leitores se dirigiram ao ombudsman para reclamar da cobertura da greve. Nenhum a elogiou. Nas queixas, não identifiquei ranço ideológico ou partidário.

Há consenso nacional sobre a importância da educação para melhorar o futuro do país. Mas quando é necessário demonstrar concretamente esse compromisso, poucos dizem presente.
Para um jornal ir além da retórica precisa investir em reportagens minuciosas sobre os problemas que travam a melhora da educação.

Pelo que a Folha publicou desde o início da greve, não é possível concluir se ela foi justificável ou não.

Nem questões básicas, como o número de faltas permitido foram resolvidas (um leitor explica que são 32 faltas/ aula, cinco ou seis dias por ano, não 32 dias, como deu a entender o noticiário).
Não foi feita discussão profunda sobre o decreto que detonou a greve. Não se chegou nem perto de uma radiografia de dificuldades como: violência de alunos contra professores, existência de equipamento didático necessário nas escolas, incentivo para aperfeiçoamento profissional, tamanho de turmas em salas de aula, adequação de carga horária e currículo, acesso a internet, realização de excursões, qualidade de bibliotecas, laboratórios e salas de arte.

Não houve diagnóstico das condições salariais médias do professor: qual porcentagem de sua remuneração é salário e qual são bônus e gratificações, como se compara o pagamento do professor paulista com os de outros Estados e países, quantas horas semanais precisa trabalhar (em sala de aula e fora dela) para ganhar uma remuneração minimamente compatível com sua formação e a importância estratégica de sua profissão.

Pedi à Secretaria de Redação uma auto-avaliação da cobertura. Ela respondeu considerá-la "correta, mas é claro que sempre é possível melhorar". Disse ter sido este jornal que primeiro questionou o valor do reajuste anunciado pelo governo (foi de apenas 5,41%, não de 12% como apregoado). Sua resposta não me convenceu de que a Folha tenha ido bem.

Ou a educação é um tema prioritário para o jornal ou não é. Houve época, meados da década de 70, em que sem dúvida foi, apesar de muitos erros. Agora, não é mais. Deveria ser. A greve lhe dá uma chance para que seja de novo.



Carlos Eduardo Lins da Silva é o ombudsman da Folha desde 24 de abril de 2008. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.